quarta-feira, 20 de abril de 2011

O politicamente correto na história...

Ano - 1940 – “O assaltante retirou a arma da mão de um velho de 85 anos”

1980 – “O assaltante retirou a arma da mão de um idoso de 85 anos”

2010 – “O assaltante retirou a arma da mão de um senhor da melhor idade, com 85 anos”

2030 – “O assaltante retirou a arma da mão de um velho de 85 anos”

2050 – “O assaltante retirou a arma da mão de um idoso de 85 anos”

2070 – “O assaltante retirou a arma da mão de um senhor da melhor idade, com 85 anos”

Essa história de politicamente correto sempre me pareceu um pouco estranha... A palavra velho lembra sempre algo ou alguém já com saúde debilitada, com ossos fracos e espinha encurvada. Mas de quando em quando mudam a palavra para ver se o significado dela também muda. Claro que não adianta nada. A expressão nova só fica mais light enquanto não identificamos novamente o objeto nela. Quem já viveu muito tem tanta experiência que as costas pesam e a vista embaça. Já riu e chorou tanto que a pele enruga. Não tem jeito, todos vamos – quem conseguir! – ficar assim. Tomara.

No fundo no fundo que escreve quer sempre uma expressão para chamar de sua. Quer ser pai e mãe de uma expressão que vai ser repetida por muito tempo. É uma espécie de narcisismo literário-jurídico. Querem ver sua expressão nas sentenças, acórdãos e nas revistas especializadas. Daí tanta maquiagem, tanta tinta desperdiçada para dizer explicar, por exemplo, que a evolução do termo delinqüente para menor infrator para adolescente infrator e para adolescente em conflito com a lei. Tudo é a mesma coisa: alguém de menos de 18 anos que cometeu um crime (ops, crime não, é feio! Ato infracional!).

E o Gilmar Dantas, digo, Gilmar Mendes, soltando o Abdelmassih; e o TJRJ soltando corruptos e corruptores; e os advogados ganhando cela especial mesmo com a lei declarada inconstitucional...