sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Lições brasilienses de botânica

Arruda é uma planta da família das rutáceas. Na medicina popular tradicional, desde a Grécia Antiga era utilizada para afastar doenças contagiosas, com ramos por cima de uma das orelhas. Os africanos atribuem à planta o poder de afastar maus espíritos e mau olhado. Até mesmo a Igreja Católica utilizou seus ramos para espargir água benta. Por seu forte efeito emenagogo, é utilizada em casos de supressão da menstruação e até mesmo como meio abortivo.

Uma espécie diferente cresce em Brasília, capital da República. Tem raízes muito mais fortes, que não se restringem ao Distrito Federal e vingam bem tanto em terras arenosas do litoral brasileiro como no Pantanal, na Amazônia, no Cerrado, Mata Atlântica e todos os outros biomas nacionais.

Necessita de cuidados especiais, com doses fortes e permanentes de propinas. Recomenda-se colocar notas de cinquenta e cem nas raízes, no tronco e nos galhos, com o cuidado para não encharcar o vaso. Gosta de muita luz, principalmente de flashes e holofotes.

Na parte alta do tronco cresce um gomo de madeira densa, chamada comumente na região Norte do Brasil de Cara de Pau. Quando adulta, sob certo ângulo permite identificar o que os pesquisadores liderados por Prudente (2009, p. 12) poderiam chamar de “sorriso sarcástico”, uma flor branca que lembra uma boca humana e seus dentes.

Bem utilizada, afasta realmente doenças contagiosas como a prisão de corruptos, que vem se tornando pandemia em países civilizados, como Canadá, Japão, Alemanha, Holanda, entre outros.

Quando plantada em solos férteis e com muita “criatividade jurídica estúpida” (Afonso, 2004, p. 12), do tipo “presunção absoluta de inocência”, consegue afastar até mesmo os dois primeiros sintomas, mais conhecidos em botânica pelas siglas de CPI e IP.

Uma das principais aplicações é a maceração de seus ramos numa pouco usual mistura do fungo cameras schondidae com dellatio excelentis, formando um caldo espesso e ácido, difícil de engolir, que causa náuseas, vômitos, diarreias e mal estar generalizado, podendo até mesmo levar à morte por uma espécie distinta de depressão: a desilusão política aguda.

Ainda que haja poucos relatos (Papoulis, 1973, p. 32), o efeito emenagogo (estimulante de menstruação) faz da espécie um leve abortivo. Testes realizados em camundongos da espécie Muridae inqueritus, Muridae preventivaprisiona e Muridae justitiaflouxam demonstraram o abortamento e até mesmo o impedimento à nidação em indivíduos que foram submetidos a grandes quantidades de arruda, representadas por seus advogados.

Estudos mais recentes (Ricoer, 2008, p. 32; Alexis, 2008, p. 80, et alli) sugerem que, por ser a espécie agressiva e ter grande potencial de proliferação, a única forma de controlar seu avanço por culturas humanas de expressão econômica é manter todos os indivíduos da espécie aprisionados em ambiente adequado por aproximadamente 12 anos. Progressivamente deve-se, com um sexto deste período, suavizar as condições e mantê-la em outro ambiente, com 5 saídas de no máximo 7 dias por ano. Mais um sexto depois, o ideal é restituí-la a ambiente aberto, com obrigação de prestar serviços à comunidade até o final dos 12 anos.