Dia 1º de janeiro de 2010. Voltando de uma manhã adorável na praia, passei novamente por aquele Land Rover estacionado na calçada. Desta vez um casal teve que driblar o grandalhão e passar com o carrinho de bebê pela rua.
Não era a primeira vez que eu via o carro por ali. Meus instintos mais primitivos estavam aflorando. Calçadas, nas cidades brasileiras, quando existem são quase milagre. Quando existem e são boas, são milagre completo. Deveria mandar a foto para o Vaticano. Minha ideia era passar a chave pela lateral do carro, riscando tudo o que pudesse. Pensei que, em alta temporada, se ligasse para a Polícia certamente não viriam. Se não adiantasse, a única solução que eu imaginei foi vir à noite com um martelo e aplicar eu mesmo uma bela multa.
Mas, com a puxada de orelha da minha esposa, pensei um pouco. Eu, sabendo dos meios legais que existem, será que não deveria agir mais civilizadamente? Será que adiantaria? Vou testar para ver o que acontece.
Liguei na Polícia Militar, sem me identificar como promotor. Não esperei para ver se chegariam a vir, mas no dia seguinte o carro não estacionava mais lá. Hoje, no trabalho, grata surpresa: fui consultar a placa do carro no sistema de trânsito e BINGO!!! Lá está, uma linda multa, de R$ 127,00, por estacionar em cima da calçada.
A lição foi grande. Brasileiros somos todos muito imediatistas. É trânsito, é fila, é sinal de pare; queremos sempre passar por tudo isso o mais rapidamente possível. Eu também queria punir o dono do jipão o mais rápido possível. Só que isso não é cidadania. Aprendi que reclamar vale a pena, ainda que aparentemente não pareça.
Daqui pra frente reclamo de tudo, ligo pra polícia, mando e-mail, represento, enfim, faço meu papel de cidadão, utilizando os meios que tenho à disposição. E você? Reclama?