domingo, 27 de maio de 2012

Diminuto ensaio sobre o bom senso

"É preciso ter bom senso. É preciso agir com bom senso. Este cara não tem o menor bom senso".

Bom senso? O que é bom senso?

O meu bom senso ou o seu bom senso? O bom senso do preso ou o bom senso da vítima? O bom senso de quem tem que cumprir a lei ou de quem quer descumpri-la? Bom senso: ter ou não ter, eis a questão.

Se Horácio nem sonhava com tantas coisas entre o céu e a terra, que direi eu, pobre servidor público. Minha vã filosofia não tem bom senso suficiente para enfrentar tamanha profundidade de raciocínio. Ter ou não ter? Eis a questão.

Ou será que entre o céu e a terra existem outras coisas a serem captadas para atingir o tal bom senso? Para quem tem que cumprir a lei, o bom senso é não cumpri-la agora. Para quem é prejudicado com o seu descumprimento, o bom senso é cumprir já, ontem, de preferência. Precisamos de bom senso, grita outro sujeito, que propõe um prazo de 30 dias.

Não, não há nada de podre no reino da Dinamarca. A podridão está aqui, bem perto de nossos narizes. A podridão é quererem impor o seu bom senso sobre o das regras já estabelecidas. No reino da Dinamarca, caro Horácio, a lei é cumprida a partir do dia que entra em vigor. Aqui, no reino do bom senso, a mesma lei demora, exige ampla divulgação, exige campanhas educativas, exige afagos e... bom senso!