Ei, você! Você mesmo, que está lendo aí. Pois saiba que você nem sabe, mas há uma chance de 9 em 10 de que você arrote por aí que quer um país mais eficiente, um Estado mais célere, menos burocrático, mas você mesmo, no seu íntimo, é contra a eficiência do Brasil.
Você deve ser daqueles que reclama quando um carro te ultrapassa voando baixo. Mas também deve ser o mesmo que diz por aí que radares são "indústria de multas". E é por causa de você que existem regras absurdas no Brasil que exigem, por exemplo, um estudo e uma baita papelada para permitir a instalação de um mero controlador de velocidade.
Você deve ser daqueles que diz que a prefeitura "não faz nada e que é por isso que a cidade está este lixo", mas quando o fiscal de obras vai na sua construção e manda arrumar o que está errado, você é o primeiro a dizer "ei, fiscal, não tem mais o que fazer?". É ou não é, confessa!
Você deve ser daqueles que, quando um policial te multa por estacionar irregularmente, logo dispara o clássico: "tanto bandido solto por aí, porque não pega um criminoso, eu sou cidadão de bem".
Você deve ser daqueles que fica indignado quando para numa blitz de trânsito, mas, quando furtam a sua casa, o seu celular, o seu carro, reza com o terço na mão pedindo que esta mesma blitz pegue o bandido. Ah, e reza para que pegue e que lhe dê um baita "corretivo"...
Sim, meu amigo, minha amiga, você é daqueles que quando vai viajar para o exterior volta dizendo que lá tudo é tão "limpinho e seguro, e que no metrô não tem nem catraca", mas quando não tem ninguém olhando joga sujeira no chão, e ainda diz que isso é bom para dar emprego a mais garis na cidade. Ah, e que também fica indignado se pedem a tua identificação num ônibus, metrô ou avião. Fala a verdade, é ou não é?!
É você mesmo que também, quando é processado, pede ao advogado que adote todas as estratégias para que o processo demore o máximo possível, mas que depois vai na bodega e concorda com o senso-comum que diz que a Justiça é lenta.
Sim, sim, não se engane, você mesmo, que não quer um Brasil eficiente. Que prefere o Brasil do jeitinho, aquele em que só se dá bem quem conhece o funcionário público, quem é amigo "do rei", que ao invés de perguntar como é o "correto", pergunta "quem será que conhece alguém lá dentro".
Parabéns! Vamos todos rumo à ordem e ao progresso.