Depois de uma chatíssima aula sobre as gerações de direitos fundamentais, em que os pontos culminantes foram uma “crítica” à palavra “geração”, que deveria se chamar “dimensão”, e um quadrinho tabelando fatores sócio-econômico-culturais com as gerações de direitos, cá estou eu com meus botões novamente. Sorte que no final a discussão sobre Terra-Pátria de Edgar Morin foi interessante.
Tudo bem. Todos já sabemos. Revolução industrial, Revolução Bolchevique, quebra da Bolsa de Nova Iorque, Guerra Fria, neoliberalismo, tudo bem. Mas... e aí, daí pra frente o que veio? Sim, porque já faz pelo menos sessenta anos e parece que esses estudiosos pararam naquele começo da segunda metade do século. Acho que já está na hora de terem pelo menos uma ideia de qual seria o novo fator cultural nessas gerações/dimensões de direitos fundamentais.
Eu, metido a besta, sugiro uma: a Google.
Nem adianta fazer essa cara estranha, torcer o nariz, dizer que eu sou nerd (nem sou). Não adianta. É a pura verdade. A Google, ou melhor dizendo, o gerenciamento de informações que os malucos californianos fazem do mundo, tem tudo para ser o fator de evolução da cultura mundial mais importante dos últimos 60 anos.
Podem ver: não teve escritor, político, pintor, presidente, filósofo, economista, dono de televisão, capa de Playboy; não teve pessoa, entidade, empresa, enfim, personalidade mais importante no mundo nos últimos 60 anos que a Google.
Além de inventarem um novo jeito de nos comunicarmos, de pesquisarmos, de nos informarmos, dominam a maior fonte de dados do mundo (a internet), como ninguém jamais dominou. Quer saber se a Ford vai vender mais carros neste mês que no anterior, pergunte à Google quantas buscas por “ford” foram realizadas nos dois períodos. Quer saber se um plano econômico tem condições de prosperar, utilize ferramentas um pouco mais sofisticadas (da Google) e analise como a notícia se espalha pela rede.
Os direitos, inclusive os fundamentais, certamente sentirão os efeitos dessa nova onda cultural criada pela Google, mas claro que com o tradicional atraso de uns 20 anos. Para quem quer entender como o mundo funciona e vai funcionar, entretanto, inclusive no Direito, acho que o palpite é correto. Entenda como o mundo googlea e te direi como o mundo será.
Como será a sociedade pós-googleana? Imperará o individualismo e, em consequência, a primazia continuará sendo dos direitos individuais? Ou a cooperação entre ilustres desconhecidos, promovida por quase todos os aplicativos da Google vai nos unir pela internet? Igualdade só para quem dominar recursos de informática (não basta mais ler ou escrever)? A fraternidade evoluirá para uma fraternetidade? O ser humano será mais ou menos tolerante? E exigirá mais ou menos do governo? (Lembram de Kennedy discursando “não pergunte o que o país pode fazer por você, mas o que você pode fazer por seu país”?) Direitos do consumidor pela internet vão aumentar ou diminuir? E a responsabilidade civil pelas besteiras que escrevo aqui neste blog?
Eu não tenho respostas. Tá bom, até tenho algumas, mas não quero arriscar tão cedo. Talvez noutra postagem, que agora já tá muito tarde e amanhã é dia de trabalho.