Já perceberam como ultimamente a imprensa tem dado notícias... sobre a própria imprensa? O Jornal Nacional há tempos assumiu abertamente esta posição. Ao invés de entrevistar a fonte da notícia, entrevista os próprios jornalistas. Isso ocorreu no terremoto do Haiti e nas enchentes do Rio de Janeiro. Em Niteroi a Fátima Bernardes entrevistou um outro jornalista, que relatou com uma pitadinha de emoção, made in Paraguay, o drama das pessoas com quem ele conversou. Noutra ocasião ela mesma foi a entrevistada (veja aqui).
Isso sem falar nas notícias de prêmios jornalísticos. É prêmio de melhor telejornal, de melhor mídia impressa, de rádio, de jornalista mais aquilo e mais isso. Só não ganha prêmio de jornalista mais chato o Renato Machado e seus comentários redundantes no Bom Dia Brasil.
E por falar em “bom dia”, já pararam para contar quantos “bom dia” são dados nos telejornais matutinos? O de Santa Catarina deve ser recordista. O âncora dá bom dia a todos e depois passa para o jornalista externo: “Bom dia, Rodrigo, que informações temos aí na rodovia?”. Os jornalistas externos dão bom dia para o âncora quando entram no ar, depois dão bom dia para o entrevistado, e não esperam a resposta dele para atirar a pergunta: “Bom dia, policial, o movimento intenso deste final de semana exigirá mais viaturas nas ruas?”. O entrevistado, que evidentemente já deu bom dia para o jornalista na parte preliminar da entrevista, coitado, sem experiência acaba dando bom dia de novo. “Bom dia, sim, precisamos intensificar também a fiscalização, blablabla”. E chegam ao cúmulo de, na despedida, dar novamente um gostoso... bom dia! Alguns ainda saem da tomada externa e passam a palavra ao âncora com outro sonoro bom dia. Ahhrrhrhrhrg! Chega!!!
Acabei de acordar, não tem sol aqui. Aliás, tem uma baita neblina que não vai deixar andar de bicicleta hoje. Vou ficar enfurnado no apartamento até a hora de ir trabalhar. Está demais esse otimismo matutino. Preferia um pouco mais de informação. Se economizassem nos excessivos bons dias daria até para dar uma outra notícia, de preferência uma verdadeira, não uma entrevista com um entrevistador.
