Assistindo aos debates políticos é que vemos que vemos o quão nanica ainda é nossa democracia.
Se vai para uma entrevista na TV e é perguntado sobre determinado assunto, o candidato foge da discussão e passa para outro tema, sorrindo para as câmeras e falando que vai fazer isso, aquilo, aquiloutro, etc.
Se vai para um debate, pouca coisa muda. Provocado pelo adversário, continua com o sorriso idiota no rosto e muda de assunto. Como é possível construir tantas casas populares, pergunta alguém, e o candidato sai pela tangente, afirmando que “com boa vontade vamos construir não apenas casas populares, mas também hospitais. Aliás, sobre hospitais, quando eu era...”.
Lembrei das discussões sobre o desarmamento. Aquilo sim é que foi momento cívico. Acho até que os livros de história deveriam registrar como um marco. Lembram?
Discutíamos a questão profundamente, os prós e contras de uma determinada posição política. Eu mesmo fui convidado para um debate na Rádio de Pomerode. Ninguém fugiu do debate, ninguém deixou de dar sua opinião, e acho que a população votou consciente.
Por que então é tão difícil nos consultar a respeito do futuro da nação? Por que, por exemplo, não fomos consultados sobre a Copa do Mundo vir para o Brasil. Afinal, serão bilhões – eu disse bilhões – de reais de nosso dinheiro investidos em... futebol!
Daqui a duas semanas, vai ser um pouco diferente. Votaremos em máscaras. Votaremos em sorrisos artificiais, que não discutem política, mas fazem apenas propaganda.
Minha esperança é que os índices de educação estão melhorando. Só dessa forma vamos deixar essa naniquice de lado e, quando um candidato falar uma besteira, irromperemos para dizer: peraí, moço, volte pro assunto, queremos discutir esse ponto. E, talvez (será?), deixaremos de nos seduzir por maquiagens, sorrisos cretinos e historinhas emocionadas.