Promotorias de justiça de todo o país estão criando seus próprios blogs. Confira, por exemplo, o caso de Santa Catarina, clicando aqui.
Os blogs são, antes de tudo, uma ferramenta de comunicação social. Comunicam as realizações das promotorias à população. Isso é até meio óbvio. Mas o que poucos percebem é que os blogs são uma forma muito eficiente de fugir de uma imprensa que, em alguns lugares, é, para dizer o mínimo, muito parcial.
Ninguém desconhece que em muitos lugares a imprensa tem dois lados. O da oposição e o da situação. Deve ser assim na maioria dos municípios pequenos. Jorge Amado, em mais de um romance (Gabriela, por exemplo) já descreveu o fenômeno.
O blog, nessas situações, passa a ser um mecanismo para levar a informação diretamente da promotoria à população, sem os filtros intermediários da pequeno-imprensa local. Uma ação de improbidade contra um secretário municipal, por exemplo, poderia ser noticiada por um jornal da oposição assim: "Secretário João pegará 10 anos de prisão". Ou, então, assim, no jornal da situação: "Ação da promotoria é leviana, afirma secretário João". No blog constará a verdade: "MP pede aplicação das sanções da lei de improbidade administrativa a secretário municipal".
Com os blogs, o Ministério Público pula esses filtros ideológicos e salta direto para a sala daquele a quem deve contas: o cidadão. Lá, na frente do computador, ele, o cidadão, lê a notícia, confere até mesmo a petição inicial da ação se quiser e tira por si só as conclusões. Nada de política, só informação sobre uma atuação da promotoria.
Claro que isso vai incomodar muita gente. Quem tem o quarto poder (a imprensa) nas mãos vai se sentir incomodado. Afinal, a notícia que antes era dada conforme o dono do jornal mandava - omitindo nomes de seus amigos e frisando o nome de seus inimigos, criando manchetes escandalosas ou colocando panos quentes - agora vai ser prontamente conferida pelo cidadão no blog da promotoria.
Os bons jornais e jornalistas (e há muitos, mesmo em cidades pequenas), por outro lado, só se favorecem dos blogs. A notícia que antes tinham que garimpar, chega agora mastigada, em termos não técnicos. Antes, precisavam inclusive de auxílio de um advogado para traduzir uma sentença. Agora, com os blogs, recebem um release, um resumo, que muitas vezes são inclusive copiados no próprio jornal. Ponto para a democracia, para a liberdade de imprensa e, claro, para o Ministério Público e para a Justiça.
Não dá mais para mentir. A mentira, na era dos blogs, tem pernas ainda mais curtas.