sábado, 21 de agosto de 2010

Paradoxo da modernidade


Affonso Ghizzo Neto - Promotor de Justiça

No artigo intitulado O Paradoxo do Nosso Tempo, o filósofo George Carlin, descreve a alucinação do viver moderno. Estamos sempre atrasados em busca da conquista ideal. A busca frenética e urgente pelo prazer, pelo gozo mortífero da satisfação imediata, custe o que custar.
Como adverte o filósofo, dirigimos loucamente, ficamos acordados até tarde, acordamos cansados, lemos pouco, assistimos muita TV e rezamos raramente.

Ao mesmo tempo em que buscamos aumentar nosso patrimônio material, quase eliminamos nossos valores espirituais. Falamos do alheio, cultivamos sentimentos de ódio ao próximo, não raras vezes por situações banais. "Aquele sujeito desgraçado me paga: ele `cortou-me¿ no trânsito".

As conquistas da modernidade, a alta tecnologia, a previsão do futuro nos tornaram menos singulares e menos humanos. Apressados, queremos viver a vida antes que ela acabe, sem perceber que a graça da vida está no mistério da existência e na simplicidade diária.

Olhamos no espelho e vemos um mundo doente. Seres sem reflexão, desesperados a procura da imortalidade. Alheio à doença humana, o tempo percorre.

É preciso respirar fundo, refletir e amar as pessoas como se não houve amanhã.

Carlin finaliza: "Valorize o que você tem e as pessoas que estão ao seu lado."