Quando ligamos, mandamos e-mail ou mensagem para alguém convidando para um jantar, uma festa, uma atividade qualquer, é porque queremos muito que esta pessoa esteja conosco. Quando convidamos alguém, é porque queremos estar com esta pessoa.
A palavra convidar deve vir de “vida”, deve significar tornar alguma coisa viva. Uma amizade, por exemplo, um vínculo profissional, uma relação qualquer. E tem esta palavrinha interessante o prefixo “con” que me parece vir de “com”, para significar que “convidar” quer dizer “viver com”. Daí também “conviver” e outras semelhantes.
Mas as pessoas estão esquecendo disso.
Não sei se é o ritmo frenético do dia-a-dia, não sei se é o excesso de compromissos nos finais de semana, não sei bem, mas parece que ninguém mais dá bola para um convite de um amigo. É como se fosse algo dispensável, que se pode dizer sim num primeiro momento e depois dizer não, não vai dar, ficou difícil, complicou, sabe como é... E se for por e-mail, mensagem no celular, então, nem se fala. Tá difícil até responder dizendo simplesmente “estou dentro!”, “preciso levar alguma coisa?” ou então ligar para perguntar como está (querendo mesmo saber como estamos) e explicar o porque de não poder ir.
E daí vem o isolamento cada vez maior. Não duvido que a maior parte das pessoas, mesmo com convites de amigos, passe seus finais de semana muito bem acompanhados... de seus amigos virtuais. Que passe longas horas se “exercitando” num jogo de videogame, com oponentes que nem mesmo se conhecem. Não duvido que os papos mais interessantes não sejam com a esposa, que está ali do lado, no outro computador, mas sim respondendo no twitter para alguma “celebridade” que nem mesmo sabe que você existe.
Pena, pena. Nosso convidar está se tornando “comorrer”, de morrer junto, todos morrendo doentes dentro de apartamentos, sozinhos, isolados, com nossos milhares de “seguidores”, nossas centenas de “contatos” e nossos vazios corações.