Participei como promotor eleitoral em mais uma eleição municipal. Experiência desoladora.
Não generalizarei, até porque há quatro anos trabalhei numa eleição verdadeiramente limpa, em Seara (sede daquela empresa homônima), lugar em que os candidatos se respeitaram, respeitaram as autoridades e o cidadão só saiu ganhando.
Participei desta vez numa região mais pobre. Pobre do ponto de vista cultural. Pobre de espírito, pobre de educação. Não é a maioria, claro, mas uma minoria que falou muito alto.
Quero crer que o restante do Brasil não é assim. Candidatos testando os limites das autoridades e cidadãos armados disparando contra veículos adversários; compra, venda e "financiamento" de votos; judicialização das eleições, como se o tapetão valesse mais que as boas propostas.
E uma ignorância generalizada.
Um cidadão chegou a me perguntar se eu acreditava que um candidato, com dezenas de condenações já definitivas, fosse mesmo ficha suja. Será, doutor? Por favor, alguém me sugira uma boa resposta para o sujeito...
Resultados: candidatos tendo que ser conduzidos pelo braço para fora das seções eleitorais; prefeito preso; desacatos, brigas, bebedeiras. Até miguelitos (pregos retorcidos para furar pneus) foram encontrados. Dois pneus de uma viatura furados.
Isso não é política. É o cabresto moderno, é o voto de curral, é a ignorância se sobressaindo à democracia. Mas, pudera... boa parte da população tem pouquíssimo estudo (quase 10% dos maiores de 15 anos não sabem ler ou escrever, IBGE2010) e se satisfaz com menos que o salário mínimo. Quando perguntamos sobre a importância do estudo, a resposta já é quase-pronta: precisa não, estou bem assim.
Minha sugestão é que o TSE deixe de investir tanto em campanhas "educativas" pela televisão; que se proíba marketing político; que políticos não possam deixar o que estão fazendo de lado para "dar apoio" a outros candidatos, viajando com dinheiro público e polpudas diárias. Sugiro que professores ganhem como deputados e, neste dia, quando meu sonho estiver se concretizando, terei o maior gosto em ser promotor eleitoral novamente.